quinta-feira, 22 de março de 2012

Um Exílio e Um Reino - Adhemir Marthins - Mais uma sugestão de leitura para nossas leitoras.


RESENHA

Um Exílio e Um Reino 
O encontro do “EU” com a sua própria condição humana.

O romance de estréia de Adhemir Marthins, Um Exílio e Um Reino (Editora Vitória, 128 páginas) traz um tema caro ao autor, como a liberdade e o absurdo. Para quem lê pela primeira vez, com certeza o livro será uma introdução à nossa concepção de realidade e caos.
A história inicia-se com Sophia, personagem central da trama, entrando em um coma profundo, conseqüência de uma agressão, e então sua vida passa milimetricamente como um filme pela sua memória. Não se trata de um livro que remete a personagem ao passado, mas apenas a recoloca diante da vida através de reminiscências.
Segundo o autor, o mundo às vezes nos escapa, mas nunca deixa de ser ele mesmo. No fundo de todo o jogo que se faz entre os cenários diários, a decisão para nos transformarmos em outra pessoa, transforma também as coisas que estão à nossa volta, mas o mundo continua como está. A predileção do escritor pelo passado, mesmo o mais imediato, e por valores em desuso continua evidente também em outros escritos. Contrapô-los ao que ele chama de “histeria contemporânea” ao modo de Milan Kundera, ou “tempo líquido” como pensa o sociólogo polonês Zygmunt Bauman é o modo de ele realçar a rapidez devotada ao mundo atual. Além de Adhemir Marthins discorrer filosoficamente sobre a questão, nos coloca à mostra os possíveis encantos de nosso tempo, ainda que seu ceticismo esteja fortemente presente na idéia de exílio e de reino com relação ao mundo atual. 
Um Exílio e Um Reino, conta a história de Sophia, uma mulher de cinqüenta anos com um único desejo, viver a vida depois de tantos anos de trabalho. Tudo em si irá rejeitá-la, pois nada lhe oferece mais segurança, apenas o perigo, o medo. Então esta revolta da carne, este absurdo só pode ser entendido na escrita de suas memórias. Ao mesmo tempo em que deseja ser livre, viver um reino, se choca com um mundo diferente, estranho. O que era um exílio (trabalho) será o seu reino, e o que poderia ser o seu reino (aposentadoria) se colocará como seu exílio.
Segundo Menalton Braff, um dos melhores escritores da atual geração na literatura brasileira, que apresenta a obra ao público, “desde a primeira página, o leitor pega carona entre as muitas reflexões e rememorações na mente de Sophia, de onde não mais sairá até o fim do romance. Sophia é a narradora protagonista, de cujo ponto de vista assistimos a todos os acontecimentos e fazemos todas as avaliações. Sim, porque toda a realidade, fatos, valores, paisagens, tudo é subjetivizado por Sophia.”
Corre-se o risco de lê-lo com a velocidade desproposital das atribulações cotidianas. Relê-lo é deleitar-se com o jogo de moralidades que ele problematiza. 
Ao leitor que se inicia na sua obra, Um Exílio e Um Reino pode parecer um livro simplório num primeiro momento. Mas é na sua narrativa que o autor nos convida ao pensamento, à reflexão. É bom que se entenda que algumas coisas sobre Sophia não se explicam, são como são, escreve.


Disponível na Livraria Alternativa  
(Uberaba)

DADOS COMPLETOS DA OBRA


Título: Um Exílio e Um Reino
Autor: Adhemir Marthins
Editora: Vitória Editora 
Número de páginas: 128
ISBN: 978-85-910708-0-0
Assunto: Literatura brasileira
Número da edição: 1ª edição
Formato: 14 x 21
Preço sugerido: 20,00

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